domingo, 20 de junho de 2010

Descobri que tenho câncer

Uma idéia que tanto assustava, uma sombra que toda a mulher acaba sentindo bem lá no fundinho da alma, com esse receio de que algum dia esse pássaro desconhecido apareça foi como comecei a pesquisar se é que eu tinha ou não algo no seio. Depois dos 40, todos os exames perfeitamente em dia, anualmente aquela demorada visita à ginecologista, mamografias, exames de sangue, ultrasonografias e todas aquelas chatices que sabemos serem necessárias foram feitas. Tive minha primeira entrada em um hospital no parto de minha filha, que hoje tem 21 anos, parto normal. A amamentação segui-se também normalmente sem a vontade de parar antes do tempo, e também não conseguindo continuar mais de seis meses. Por acaso nenhum caso do lado materno com câncer.

Ou seja..... na última visita à gineco nas minhas férias em Janeiro de 2010, aparece algo de diferente naquela série de exames, AI QUE MEDO, saí de lá chorando e caminhando por minha sempre linda Ipanema e juntado os pedaços que ficaram soltos naquele consultório. De primeira, a corrida para uma coribiópsia, o nome é diferente, (pelo menos eu nunca tinha ouvido falar) e quando você chega lá se achando já meio diferente de tudo e de todos, se depara com uma variedade de mulheres na mesma situação, mais novas, mais velhas, brancas, negras, asiáticas....Depois da sala de estar com direito a vídeos do Cirque du Loleil, café, água etc.. Algumas já com a irritação normal de atrasos e muito tempo para que a realidade dos exames inicie, nos encontramos depois da grande porta da recepção, todas vestindo aventais passamos a ser exatamente iguais, conversas sobre cada detalhe dos exames que estamos fazendo ou aguardando, os nome vão sendo chamados, entramos e saíos das salas e por vezes retornamos e nos esbarramos novamente no grande corredor interno, também com direito a vídeos. 

Saí de lá como entrei, sem fazer o exame a que fui agendada, apenas uma ultrasonografia. Volto para a ginecologista que me fala para ficar tranqüila, e quem sabe daqui a seis meses façamos exames novamente. Aí é que vem o mais chato, será que paro por aqui? Por que insistir em mais dor de cabeça. Conclusão eu peço outras opiniões e acabo fazendo mais duas ultrasonografias, e com os resultados resolvemos voltar ao grande salão dos vídeos rsrsrsrsr, vou fazer outra corebiópsia. E acabo parando na mão de uma médica que faz a ultra e acaba não entrando na tão esperada “cori” , conto toda a minha história e que não sei o que fazer, ela diz que os nódulos são muiiiiiiiiiiito profundos e recomenda uma ressonância antes de fazer a biópsia operando, o resultado é que existe algo de “estranho” e consigo desta mesma médica que me mandou para a ressonância o tão necessário e temido “mastologista”. Só na entrada já fiquei achando estranho estar num consultório em que todas as mulheres lá estão por um mesmo motivo. Pronto eu já estava também rotulada, fazia parte daquele grupo de mulheres dos quais os rostos não eram tão importantes, nossa preocupação agora eram os nossos seios. O local do corpo feminino que mostra nosso instinto maternal, nossa feminilidade, nossa sexualidade. Um terror se abate, e vejo que qualquer resolução de maior importância que já tinha tomado na vida, torna-se simples, pequena, qualquer problema para resolver até então era nada. Tudo acertado, com o médico, marcada a “intervenção”, tenho que colocar dois fios para a marcação dos locais, saio com os fios ( que não foram colocados no hospital e sim no grande laboratório com os vídeos do Cirque Du Soleil ). Operei no dia 19 de maio.

Preocupações com o trabalho á parte, sempre querendo desculpar-se por querer saber se existe ou não um motivo para você se amedrontar daqui pra frente. Voltando ao trabalho, até que tudo correu bem. A recuperação foi ótima e meu peitinho de cinquentona até que nem parece que foi mexido, foram um desconforto passado a cirurgia. Segundo o meu “Dr. Mastologista”, ele teve a preocupação de deixar meu peitinho da forma original da garota de Ipanema que eu sou, tudo bem não mais garota, mas de Ipanema...rsrsrsrsrsrsrsr.

Depois de muita espera, os exames parece que tem que dar uma volta ao mundo para poder voltar com a derradeira resposta. A resposta foi boa e ruim. Ruim por que realmente estou com câncer, boa porque meu “Dr. Mastologista” falou que pode ser resolvido com uma operação. Amanhã irei para minha outra Dra. Médica ( a cirurgiã plástica ), que nunca tive dinheiro para fazer nos seios e agora tenho que verificar se terei dinheiro para pagar......bora ver o que vai rolar. Até a próxima.

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